Nota Histórica:
As trajetórias que podem conduzir uma peça a ser fraturada pela CST podem ter sua origem em um pite, e não necessariamente numa corrosão intergranular, como descrito no item 3.
A teoria e as possíveis medidas preventivas foram elaboradas, em grande parte por Marcel Pourbaix, professor da Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica, e um dos maiores nomes da Eletroquímica do século 20.
A importância de M. Pourbaix não se prende apenas aos famosos “diagramas” que levam seu nome, mas também a inúmeras outras pesquisas e descobertas que serão apresentadas em detalhes no decorrer deste livro.
No presente capítulo particularizaremos a noção de “potencial de pite” e de “potencial de proteção” que Pourbaix desenvolveu nos anos 60.
Marcel Pourbaix foi um dos expoentes da assim chamada “Escola de Bruxelas”, criada por Th. de Donder, nas primeiras décadas do século passado.
Esta escola uniu dois ramos da Físico-Química, até então separados: a termodinâmica e a cinética química.
Com o conceito de “afinidade” de uma reação química e a definição do “grau de avanço” de uma reação, de Donder abriu toda uma concepção científica que permitiu o entrelaçamento de sistemas evolutivos.
Dentre os expoentes da “Escola de Bruxelas”, além de M. Pourbaix, citemos Ilya Prigogine, laureado com o prêmio Nobel de Química em 1997 por seus estudos sobre as “estruturas dissipativas”.
Foi ex-aluno de Donder e autor de várias obras científicas e filosóficas.
Marcel Pourbaix, fundou na ULB, o “Centro Belga de Estudos da Corrosão”, CEBELCOR, assim como o CITCE “Comission Internationale de Chimie et Electrochimie”, conhecido atualmente como “Sociedade Internacional de Eletroquímica” e que edita a famosa revista “Eletrochemical Acta”.
A também conhecida revista “Corrosion Science” também teve suas origens no CITCE, assim como os “RAPPORTS TECHNIQUES CEBELCOR”, publicados entre os anos 50 e 2002, quando o CEBELCOR foi desativado.
Contudo, graças aos esforços de seu filho, Antoine, o CEBELCOR mantém o site www.cebelcor.org, colocando à disposição dos usuários seu enorme acervo científico.
Em 1998, vi Marcel Pourbaix pela última vez.
Com ele fiz meus estudos desde 1970, e ao perguntá-lo sobre sua saúde, respondeu-me: “Estou um velho senhor! Meu coração já bateu muito.”
Faleceu poucos meses depois.